“A obediência se estende aos variados aspectos da vida diária e acompanha-nos nos envios da missão. Antes, pois, de ser “obrigação”, a obediência, por ser livremente aceita, corresponde a uma opção, e esta só adquire sentido se entendida no sentido em que o Filho a entendeu e viveu (“Meu alimento consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e consumar sua obra” – Jo 4,34). Isso contraria qualquer voluntarismo, sectarismo, desejo claro ou encoberto de fazer algo com o intuito primário de ser visto, tomando por motivo as razões de suas próprias decisões, sem considerar o bem maior e a finalidade maior que é a missão. Sugiro-te que tua obediência, na liberdade e no amor assentada, possa te conduzir à purificação dos sentidos e de todas as tuas motivações. Tais elementos sejam, antes de tudo, diante do Senhor colocados e analisados, para que, a partir dele, isto é, em seu Espírito, desejos não assumidos sejam revelados antes de ser executados. Em obedecendo ao Senhor, a nossa obediência se estende àquele que, dentre nós, tem, por função e missão, ser o menor, assim como por nós fez-se servo Cristo Jesus, Nosso Senhor (cf. Jo 13,12-16). Nossa obediência se estende, por conseguinte, a um plano, a um carisma, a uma vocação. Obedecemos, portanto, ao Pai e àquele que o Senhor designou para ser o menor em nosso meio, o menor, isto é, aquele que vive, cumpre e faz cumprir o que do Senhor recebeu: o zelo de amar os seus e servir a todos da forma que dele necessário se fizer e que ao seu alcance estiver. Formas específicas ele há de encontrar, pelo amor de servir, de escutar e de ajudar, para que, em tudo, ao santíssimo nome do Senhor possa se glorificar. A nossa obediência é feita na simplicidade e na reverência. Disso venham todos a ter ciência. Repita-se, ainda, em outras palavras, o que anteriormente já se disse: aquele a quem se obedece deve ser o primeiro a cumprir e a fazer cumprir o que o Senhor deseja como adesão voluntária de sua vontade e de seu projeto de vida integralmente.” (Pe. Airton Freire)