“Viver tão somente a verdade, é isto, afinal de contas, a meta a que tu te propões alcançar? É sincero o teu desejo de recomeçar? É relutante a tua insistência em tudo querer ajeitar ou se ajeitar? Preferes mudar ou maquiar? Preferes enfrentar ou denegar? Preferes dormir querendo não te acordar ou preferes ficar de vigília para melhor os movimentos da noite observar? Como tu preferes optar? Considera que viver já é fazer um ato de opção, assim como aquele que está aqui nega, em estando aqui, que em outro lugar, nesse momento, possa estar. Tu não podes estar aqui e lá. Já disse o Evangelho: “Não pode servir a dois senhores” (Mt 6, 24), sobretudo quando eles conflituam num só projeto de vida. Pergunta-te: a depender de ti onde se localiza a tua parcela do que causa dissabores? Onde se localiza a dor de tuas dores? Onde está dito aquilo sobre o qual não queres falar? Onde estão estampadas as tuas demoras, aquelas que tu só fazes protelar? E para isto tudo o que estás fazendo agora? Por onde é possível recomeçar? Onde o fio da meada pode-se retomar? Se tais questionamentos para ti forem valores, estás disposto, disponível a ouvir, a repensar, a retomar? E se isto em ti provocar mais outras dores, mesmo assim estás disposto a encarar, a enfrentar, a continuar? Quais são, nos tempos atuais, no momento em que vives, no lugar em que estás, teus maiores valores, aqueles que ainda queres cultivar e pelos quais vale a pena viver, sofrer e amar? Quais são teus maiores temores? Verdade em algum ponto, nisso tudo, há? Mentira em forma de engodo, escondida em algum lugar, há? Resistências a que há? Negação, atualização, busca de solução de atuais ou antigos dissabores há? Desejo de superação há? Admitir perdas para posteriores ganhos, algum sentido há? Renunciar a certos ganhos para que em outros pontos, mais profunda e intensamente, possas ganhar é desejo teu que isto aconteça? Sentido nisto há ou haverá? Como tu queres tratar esses pontos? Como tu queres fazer de assumidos ou presumíveis desencontros uma forma de recomeçar, de se reencontrar, uma nova chance a ti mesmo e ao conjunto de teu convívio outra vez dar?” (Pe. Airton)