“Tudo o que tu vives agora resulta de anteriores elementos, do mesmo modo que adquirirá forma, mais ou menos permanente, o estilo de vida levado neste teu presente. Inacabada, porém, é a marca de tudo que tenha a presença do que é humano. O inacabado sempre existirá, porque o transitório, na vida, é o que temos de mais permanente. Por parecer contraditória esta afirmação, vou dizê-la novamente: o transitório é o que, na vida, temos de mais permanente. O que ora é não o será, novamente, da forma como está acontecendo. Na transitoriedade, o dito por permanente traz o traço do inacabado, que urge por ser aprimorado. Como isso se dá? Estando em constante mutação a própria realidade em que vivemos, estamos num processo de igual transformação, numa superação constante do inconcluso em qualquer estágio em que estivermos, em qualquer momento. Não se vive tão somente para o momento presente. O que hoje se vive, de um recente ou longínquo passado, é decorrente. Tu vives, portanto, entre o que já foi, o que está sendo e o que poderá vir a ser, mas o que tens em mãos é o teu presente, a partir do qual poderás lançar os fundamentos daquilo que, deixando de ser tão somente possibilidade, assume o lugar de uma realidade efetivada.” (Pe. Airton)