“O olhar que tão somente quer ver é diferente do olhar que também se sabe visto. Presença interpelativa é a do outro, mesmo em sua indiferença presumível. Nada é pouco quando diz respeito à presença. Mesmo quando se nega, a presença motiva uma posição e, por isso, torna-se na vida das pessoas uma motivação. Mesmo que seja por um ato de negação, ela afirma, pois toda negação é uma afirmação do seu contrário. Uma questão, pois, coloca-se em teu encontro com o outro: o que o outro nega ao te afirmar? Ou, então, o que o outro afirma ao te negar? Isto nos leva a pensar na posição em que se coloca o sujeito frente ao outro. Lembra-te de que toda negação é do seu contrário uma afirmação. Aquele que afirma, o contrário da sua afirmação, está a negar. Mas como as coisas em estado puro, nas relações interpessoais, dificilmente vais encontrar, é possível que, ao longo de tua vida, possas experimentar negações e afirmações vindas da mesma fonte. Tu podes ser afirmado onde tu esperarias ser negado, e o contrário também acontecerá. As coisas que tu dizes, olhando para o lado de lá, podem igualmente ser ditas por quem esteja do lado de lá olhando para cá. Mesmo quando a presença nada tem a declarar, ela motiva a fala do outro, na espera do testemunho que, como resposta, a escuta poderá dar.” (Pe. Airton)