“Tu falas daquilo que consegues ver, porque, falando do que consegues ver, ao falar de mim, estarás falando, também, de ti (pelo menos do lugar em que tu consegues e podes viver ou te permites ser!). Então, ao dizer de mim, tu dizes da posição, do espaço que entre ti e mim pode se estabelecer. Razão para isso há? Pode haver? Há de se ver, mesmo que enxergar não estejas querendo, tampouco disso saber. Considera que tudo o que disseres do outro, mesmo que te pareça surpreendente, é o resultado do ângulo do teu olhar para a posição daquele que, diante de ti, está, pois o teu olhar pode capturar, do outro, coisas que, de outro ângulo, tu poderias, diferentemente, enxergar. Por isso, aquele que fala deve estar também preparado para escutar, e se, na fala, houver um desejo de acertar, com certeza, a um porto seguro, ao invés de a um ponto obscuro, haverá de chegar. Nem tudo se passa do lado de lá, nem tudo se passa do lado de cá. A questão está em saber em que ponto destas duas margens tu estás.” (Pe. Airton)
“Por alguns fatos, pode alguém ser surpreendido; sobre outros, por meio de sinais, já poderia ter sido avisado. Acontecimentos falam; precisam ser ouvidos. Internos são os movimentos da alma. Sinais externos precisam ser lidos, como um texto do qual emergem recados. Uma determinada tendência de encaminhamento em uma precisa direção, quando começa a acontecer, pode resultar em algo (in)desejável de que é possível ainda precaver-se. A tendência de teu coração mostra também o que, internamente, há em mutação. Está em ti, afinal de contas, decidir. Informações tu podes ter, mas a ti, tão somente a ti, compete a última palavra, o encaminhamento do que te concerne vir a acontecer. Para tomar posição, terás, por vezes, que contrariar certos elementos, transitórios ou permanentes, interna ou externamente, malgrado lhes esteja afeito o teu coração. Pode acontecer, contrariamente, então, ser preciso afastar-te ou aproximar-te de coisas que, malgrado valiosas sejam, (in)devidas são acerca do prioritário que tem sido e ainda há ser (e, se de ti depender, será?).” (Pe. Airton)
“Reconcilia-te contigo mesmo, de princípio, eu te peço. Que não sejas demasiadamente severo contigo mesmo. Com isso, estou querendo dizer: dá a ti mesmo a chance de que possas te reconciliar. Permite a reconciliação, pois aqueles que não se perdoam não têm a medida do perdão que precisarão conceder aos outros. Aquele que estiver, interiormente, dividido e, portanto, não perdoado, não terá condições de perdoar a outros também. A condição para que se possa amar é que se tenha amor a si. Como é que tu poderás amar alguém, se tu mesmo não te amas? Como poderia alguém acreditar que o que tu sentes é amor, se tu mesmo não sentes isto em relação a ti mesmo? Como é que eu vou me apresentar a alguém, amando esse alguém, se esse alguém sabe que eu não me amo? Como poderei dar testemunho do que significa amar?” (Pe. Airton)