“O olhar que tão somente quer ver é diferente do olhar que também se sabe visto. Presença interpelativa é a do outro, mesmo em sua indiferença presumível. Nada é pouco quando diz respeito à presença. Mesmo quando se nega, a presença motiva uma posição e, por isso, torna-se na vida das pessoas uma motivação. Mesmo que seja por um ato de negação, ela afirma, pois toda negação é uma afirmação do seu contrário. Uma questão, pois, coloca-se em teu encontro com o outro: o que o outro nega ao te afirmar? Ou, então, o que o outro afirma ao te negar? Isto nos leva a pensar na posição em que se coloca o sujeito frente ao outro. Lembra-te de que toda negação é do seu contrário uma afirmação. Aquele que afirma, o contrário da sua afirmação, está a negar. Mas como as coisas em estado puro, nas relações interpessoais, dificilmente vais encontrar, é possível que, ao longo de tua vida, possas experimentar negações e afirmações vindas da mesma fonte. Tu podes ser afirmado onde tu esperarias ser negado, e o contrário também acontecerá. As coisas que tu dizes, olhando para o lado de lá, podem igualmente ser ditas por quem esteja do lado de lá olhando para cá. Mesmo quando a presença nada tem a declarar, ela motiva a fala do outro, na espera do testemunho que, como resposta, a escuta poderá dar.” (Pe. Airton)
“É preciso que tu faças de teu presente uma forma de garantir alicerce seguro para o que, a partir de ti, acontecerá. Não queiras colocar alheios elementos – como projeções, resistências, transferências – na realidade atual, pois isto resultaria em enfraquecimento, quebras do primeiro encanto. Descontinuidade, com certeza, viria como resultado de elementos não superados, e, em razão disso, não te encontrarias em condições de tornar possível um novo projeto. É preciso que as fissuras, as brechas, as arestas de tua alma, essas que possibilitaram a quebra do encanto de um encontro, sejam primeiramente reparadas. Do contrário, haverás de atualizar, mesmo no melhor dos teus sentimentos, elementos não fechados, não resolvidos de antigos procedimentos. Se não reparares as fissuras, vias que ocasionaram a quebra, a ruptura do antigo procedimento, não poderás levar adiante, por melhores que sejam as tuas intenções, o que em nascedouro possa aparecer no teu presente. Hás de reparar antes de seguir em frente. Tenta!” (Pe. Airton)
“Na força que no amor existe, confia, e cultiva-o como o bem mais preciso que em tua vida podes aportar. Dele, jamais queiras tu te afastar. Só ele é capaz de converter. Palavras podem até convencer; só o amor, contudo, é capaz de mudar, e a mudança por ele operada ficará. E se, em algum momento, disseres que nada valeu a pena, que tudo foi cansaço, mormente teu esforço, quais dias de grande mormaço; e se, depois de tudo e apesar de tudo, disseres que razão ainda tens para não mais querer permanecer em tudo o que tiveres vivido até ali, acredita: o amor, tão somente ele, como ponto de partida e de chegada permanecerá. E como apelo ele ainda continuará a registrar que vale continuar, pois, afinal de contas, o amor, só o amor, o resgate do sentido trará.” (Pe. Airton)