“Farei chegar aos Céus que espero o momento da revelação de Deus em minha vida, como quem espera as primeiras chuvas que chegam à terra e pelas quais há muito se ansiava. Eu peço ao Senhor a graça de que Ele serene os ânimos, como as primeiras chuvas vêm serenar o calor e trazer esperança à terra; que Ele traga quietude na turbulência e que, com as chuvas, voltem os pássaros a ocupar os antigos ninhos deixados. Que os desertos surgidos ao longo da estiagem possam, novamente, ser povoados. Que o Senhor, que me acompanha e que me conhece, mande a Sua graça sobre mim, para os lugares áridos, desertos, em qualquer instância de minha vida, de minha personalidade ou pessoalidade. Que Sua presença tão esperada, tão almejada, chegue e refrigere esta minha alma cansada, abatida, açoitada. Que o Senhor faça o Seu orvalho descer sobre nós. Que nós possamos conhecer, após contínuos entardeceres, uma manhã serena, um dia tranquilo, dias tranquilos em continuidade, até em recompensa a toda a dor suportada, a toda a espera promulgada, encerrada com a presença do Senhor que vem para ficar, para junto de ti estar, para não mais te deixar. Pois, Ele é o Senhor: o santifica a dor, o restaura a dor, o modera a dor; o salva a dor. Eu vou pedir, novamente, ao Senhor, que Ele orvalhe sobre mim, refrigere a minha alma e não me deixe largado assim. Que eu possa exultar, alegrar-me tão simplesmente ou até sobretudo pela graça da filiação, a graça de saber que, acima de tudo, há um Pai que está nos Céus e que me deu o seu Filho como irmão.” (Pe. Airton)
“Aqueles que buscam viver com simplicidade renunciam a toda e qualquer forma de superficialidade. Aqueles que levam a vida simples sabem viver o momento de agora, sabem apreciar o desenrolar das horas. A vida simples é contra a solidão, contra tudo o que for ostentação. A vida simples é uma forma de ser, é simples na maneira de crer na forma de querer, na forma de expressar-se, expressar seu ser. Aqueles que querem viver a vida simples buscam viver a solidariedade e a vida que de graça receberam é, no pão, com simplicidade, alimentada. Profunda comunicabilidade: no convívio fraterno, na partilha da palavra e do pão, a vida simples se alimenta e faz de estranhos irmãos. Aqueles que vivem a vida simples descobrem que não é do acúmulo, mas do despojamento, que pulsa a fonte de seu enriquecimento; que tanto o corpo quanto a alma passam por burilamento, ao longo de um trajeto, constantemente. Descobrem, assim, razões para mais e melhor viver, para se entreter, para melhor conviver, para mais ser e menos preocupado ser com o muito ter. A vida simples sabe dar-se a conhecer, tanto quanto sabe resguardar-se do querer só por querer. A vida simples não mente o que sente. Equilibra e torna equilibrados coração e mente. Não vive sob o domínio da paixão, tampouco sob a tirania da razão. Vive, simplesmente, o equilíbrio. Busca no essencial a sua mais intensa e principal satisfação. A vida simples, por si mesma, ensina.”
Pe. Airton Freire
(Texto do Livro “Vida Simples”)