“Ter fé não é tanto acreditar em conteúdos, mas ligar-se de forma condicional ou incondicional a alguém: eu creio em ti, eu confio em ti. E isso antecede qualquer ação. Isto equivale a dizer: naquilo que tu fizeres, eu poderei te seguir, e estarei contigo e o que te digo não desdigo. Fé é adesão à pessoalidade de alguém, muito mais do que credibilidade ou incredibilidade ao conteúdo que ele tenha a apresentar. Ao se ter fé, coloca-se a questão, como divisor de águas, do que é idílico, do que é possível. O idílico faz parte da natureza dos sonhos: sonhos não sonhados, sonhos acordados, sonhos mal dormidos, sonhos realizados. E o que é possível é aquilo que se tornar presente a partir das condições que o sujeito traz consigo num determinado momento. Eu te explico: se entre ti e alguém houver pontos coincidentes, algo de novo será possível a partir de um encontro, um determinado momento. Se, contudo, entre ti e alguém não houver ponto algum coincidente, haverá demanda de uma parte ou de ambas as partes, mas essas partes não garantirão o sucesso do que se tem em coração e mente. Se o teu desejo coincidir com o desejo do teu Pai que está nos céus, este ponto de congruência resultará ser possível algo de novo acontecer. Se entre ti e aquele que mais próximo de ti estiver houver pontos coincidentes, é muito possível que a ação dos dois seja convergente e aí possam se encontrar. Em não havendo pontos de coincidência, tentativas haverão, até jogo de sedução, apelos decifrados ou semi-decifrados, rogos, pedidos… mas, nunca se farão encontrados. Por isso, procura, neste exercício, neste ponto de tua caminhada, distinguir o idílico do possível.” (Pe. Airton Freire)