Um alvoroço de abelhas chegou de repente
E alojou-se na baraúna que fica bem ao lado dessa casa de taipa.
Creio que estavam em busca de água e de alimento,
Elementos que se tornam particularmente escassos em tempos de estiagem, como está em que vivemos.
Como morada, escolheram o espaço que fica entre a água
Que coloco para os pássaros, todas as manhãs,
E o resto de rapadura
Que deixo, semanalmente, para o alimento das formigas.
Pelo zunir da colmeia, parecia ser grande o estado de privação em meio a tanto trabalho que realizavam.
Uns passaram, jogaram pedras, correram e abelhas acompanharam todos.
Gritaria grande.
Muitas ferroadas.
Mostraram-me eles, depois, o “estrago” que as abelhas tinham feito.
A tarde veio e, tarde da noite,
Quando abri a porta para ir à capela,
Notei que estavam calmas.
“Tudo é uma questão de trato”, pensei.
Com esses pensamentos, entrei, sentei-me no tamborete na capela,
Iniciei as orações que terminaram quando o galo já cantava e as corujas
Recolhiam-se às suas tocas.
Tempo intenso, esse!
Pe. Airton Freire
Hoje, às 03:45 hs da manhã, eu me acordei.
No caminho entre a casa de taipa e a capela, que fica logo ali ao lado,
Olhei para o céu.
Parecia um bordado em estrelas.
A via láctea, em toda a sua beleza, ocupava de um extremo a outro, todo o espaço .
Percebi, que os céus se movem e posições diferentes assumem ao longo do ano.
Vi o cruzeiro do sul em lugar onde nunca o havia notado.
Percebi aglomerados de estrelas, como se fossem nebulosas, espelhados numa grande cauda.
Vênus e marte destacavam-se por seu brilho, com se luz própria tivessem.
Tudo isso, deixando-me na surpresa de um inesperado:
Era um céu bordado e espalhado em manto de luz pontilhado.
Demorei-me olhando.
Mil pensamentos me ocorriam.
Entrei na casa.
Saí.
Quando voltei, era quase dia.
Pe. Airton Freire