Saí de minha casa quando a noite deste sábado santo havia chegado.
Ainda repercutiam em mim as impressões da sexta-feira santa, na noite passada.
Com a cruz caminhamos pela rua do lixo.
Uma multidão nos acompanhava.
O povo de Deus celebrava o mistério da morte;
A vida triunfava.
Esse é o sentido das celebrações de ontem e de hoje,
Tão intimamente ligadas.
Com pequenos pontos luz que enchiam toda a Capela,
O povo exultava: Sim! Ele ressuscitou. A esperança voltou.
Mais forte que a morte é o Amor.
Eu caminha com o círio Pascal em meio ao povo que, contrito,
Cantava e rezava o “exulte” (canto de alegria pela Luz, que é Cristo, Aquele que
nos trouxe, por sua fidelidade até a morte, nossa carta de alforria).
Bonita e cheia de símbolos a celebração.
Depois de 150 minutos de celebração, quase meia noite,
Voltamos para casa.
Estava de volta à minha casa de Taipa.
Luminosa Capela, sim, luminosa,
Aquela de Taipa,
Onde passei o resto da noite.
Quando nos despedimos,
Novo dia começava.
(Pe. Airton Freire)
Era noite alta quando as chuvas chegaram a estas terras.
Os céus se abriram numa sequência de raios a que se seguiam trovões em cascatas.
A baraúna, essa que fica ao lado do casabre onde moro, contorcia-se.
Saí em direção à capela.
Curto era o percurso; densa era a noite.
Novo estalido.
Ao clarão que logo se seguiu,
Caminhei em direção à capela.
Abri a porta.
Tropecei à entrada.
Novo clarão.
O vento era forte.
A chuva aumentava.
Esgueirando-me, consegui entrar.
Ali fiquei.
Ali ficamos.
Bem de manhã, levantei-me
tinha as roupas molhadas
E a alma lavada de presença.
Pe. Airton Freire
Em 08/Abril/2014