Pe. Airton Freire

“Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação e constantes na oração.” (Rm 12,12)

Tu não podes negar que, a depender de ti, poderás construir ou destruir o que de mais importante trazes contigo. Aquilo que tu não podes conter em ti, o que ainda é possível reverter a partir de ti, por estar em ti, tu precisas admitir. Está em ti o poder de construir ou destruir; está em ti a possibilidade de continuar ou estancar algo que, da mesma forma, não pode mais ir adiante. Está também em ti aquilo que tu vais começar, e, se começares certo, certo também terminarás. Isto acontecerá tão somente se fores vigilante, se estiveres atento para acompanhar mudanças de curso para as quais, eventualmente, não podes fazer concessão, nem vez por outra, nem de vez em quando. A partir das tuas moradas, algo de novo poderá surgir. Mas, admite, há coisas que só dependem de ti, e, se não quiseres, elas não terão continuidade. Naquilo que depende do que está ao teu alcance, trabalha para que encontres a solidez, a firmeza e a sensatez de não se deixar levar pelo movimento contrário.

Tu não podes negar que, a depender de ti, é possível construir ou destruir o que de mais importante trazes em ti.

“Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma, de todo teu entendimento e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento” (Mc 12,30)

 Considera o espaço mais sagrado do teu coração. Nele, só se pode ter entrada com teu consentimento, e isso haverá de te acompanhar em todo e qualquer lugar. A casa onde moras, definitivamente, é o mais sagrado recôndito de toda e qualquer intimidade. É o inegociável da questão. A todo custo, há de ser preservado, por ser a tua casa. Não permitas, portanto, que esse espaço de tua sacralidade por nada nem por ninguém venha a ser devassado. Preserva-o, cuida dele como o teu melhor achado, o mais sagrado a ser conservado. Do contrário, sem espaço, sem casa, tu haverás de perambular e te perder; como presa fácil, haverão de te perceber. Por isso, considera que algo a ser preservado diz respeito ao que existe em ti como pertinente à tua sacralidade. Repito: é o inegociável da questão. Por meio de teus atos, isso deve ser manifestado, mas nunca poderá ser posto à mesa como objeto negociável. É tua honra, é a joia da coroa.

Pensa sobre isto, que não é pensamento nem pergunta à toa.

Pe. Airton Freire

“O reino de Deus está dentro de vós.” (Lc 17, 21)

 As tuas moradas são o espaço mais íntimo que, em qualquer situação, por qualquer razão ou motivação, precisa ser preservado. As tuas moradas hão de ser guarida à tua alma. Delas, participa o espaço mais recôndito do teu coração. Tu precisas preservá-las e nunca permitir que o indevido venha nelas a se estabelecer. Que o morador mais nobre ali a ser honrado seja o esposo de tua alma, o único possível de tornar as tuas moradas plenamente habitadas e tua alma, de todo, por ele, saciada.

De tuas moradas, virão força e determinação quando tiveres de tomar estruturantes, fundamentais decisões. Se tuas moradas, por alguma razão, estiverem fragilizadas, a tua alma, desguarnecida e aflita, por quem poderá ser socorrida? Não permitas que nada nem ninguém seja razão de devassar o que tu guardas, mais intimamente, nesse espaço de sacralidade de onde partem os elementos relativos à razão pela qual vives este tempo.

Guarda as tuas moradas, preserva-as das invasões e não permitas que elas sejam devassadas. Nelas, habita o mais belo tesouro, o mais precioso que, no tempo devido, será para ti de inestimável auxílio. As joias da coroa, os elementos mais íntimos do inegociável de tua vida ali estão e, se não os guardares, não os preservares, à toa serão pisoteados. Eles serão objeto de sofrimento, dissipação, perdas a perder de vista, se não deres guarda às tuas moradas, independentemente de quem ou do que sejam, em qualquer situação.

Preserva as tuas moradas, é uma questão de honra. Não deixes que elas sejam profanadas. Pensa, agora, por alguns momentos, nos espaços a serem guarnecidos, protegidos, esses, os mais íntimos que trazes contigo.

Pe. Airton Freire