1 de novembro de 2015
servos da terra

11“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26, 41).

Há certas coisas que nos chegam de surpresa, enchendo a alma qual represa, e, se não estivermos bem preparados, poderemos ser tomados por não saber os próximos passos a serem dados. Há certas coisas que nos inquietam o coração. Há outras que nos acalmam e nos lançam considerável ponto de interrogação.

Quando tua alma estiver preparada para empreender uma tarefa, início de uma jornada, preciso é que ela esteja devidamente avisada de que mudanças poderão acontecer e que, na melhor das suposições, nem tudo poderá se dar da forma prevista. Em razão disso, que de todo empecilho esteja a tua alma desvencilhada. Para tanto, enquanto te for possível, hás de estar em alicerce seguro embasado, para não acontecer que se perca tua alma em algum momento de tua jornada.

Perigos que desencaminham planos previamente traçados vêm também de fascínios, pelas asas do inesperado. Existem fascínios que podem te cegar e não te deixar ver de perto aquilo que, com certeza, sem este fascínio, poderias enxergar.

Existem fascínios que te entorpecem, que te deixam sem saber para onde ir e, por causa deles, muitos se perdem e ficam no conflito de não poder ficar e sem querer partir.

Existem aqueles que são fascinados e que se sentem como que bloqueados, não sabendo por onde avançar, e outros fascinados existem que, reconhecendo seus limites, são motivados a se superar.

Existem fascínio e fascínio. Um leva ao encantamento; o outro leva ao avassalamento. Fascínios há que levam a uma superação, e há outros que conduzem a um amordaçamento ao não encontrarem espaço, lançando o fascinado em total isolamento.

Existem pessoas que, de tão fascinadas que estão, não percebem a gravidade de determinada situação. Elas estão entorpecidas, não sentem uma emoção porque a sua alma está como que bloqueada, paralisada por aquilo que não guarda similaridade com viver em liberdade. A alma só encontra paz no que lhe garanta vida plena, que é mais que sobrevida.

Há pessoas que estão de tal forma fascinadas, que vivem com o perigo ao lado, não sabendo que, a qualquer momento, o seu breve equilíbrio poderá ser quebrado. Estão fascinadas e, por isso mesmo, isoladas. Não percebem o que se passa ao derredor senão o objeto pelo qual se sentem fascinadas, e o seu olhar não enxerga nada além do que as fascina. É necessário, em tais momentos, haver uma quebra desse encantamento (fascinação de um momento), que é, afinal de contas, puro rebaixamento. É necessário que algum acontecimento possa fazer tal pessoa se acordar, a fim de perceber que, se assim continuar, em algum ponto, há de se quebrar.

Existe um fascínio que nos leva a nos encantar e, por causa dele, mesmo nas crises, podemos ser levados a dificuldades múltiplas ultrapassar. Há fascínios, contudo, que não nos permitem enxergar os dados da realidade e, por mais que estes se nos apresentem, não conseguimos perceber a sua veracidade. Por isso, é preciso discernir entre um fascínio que entorpece e outro que faz ver e querer vencer.

Há um fascínio que leva a um alheamento de si mesmo e a atos nos quais o sujeito não se reconhece, tamanho seu avassalamento. Nesse estado de “com-fusão”, ele é precipitado ao mundo da ilusão e instado a tomar decisões das quais não participa o equilíbrio entre mente e coração.

Existe um fascínio que nos leva a nos encantar e, por mais que seja difícil o momento presente, a certeza é mais ainda premente de que se haverá de triunfar.

Fascínios têm natureza de crescimento e declínio, a depender de como se há de administrá-los. Existem em ti fascínios e fascínios. Uns que te permitem enxergar, aguçando o olhar, e outros que não te permitem, nem ao menos, saber de ti, nem ao menos, saber por onde recomeçar. Em relação a eles, hás que te posicionar.

(Pe. Airton Freire)

1 de outubro de 2015
servos da terra

11“Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam” (Tg 1, 12).

Toda aprovação é antecedida por uma provação nos pontos em que tu és mais vulnerável. És provado para que, fortalecido, possas ser aprovado por Aquele que, de constante, tem estado aos teus cuidados. O que tu precisas, na verdade, é confiar, sabendo que, por mais escura que seja a noite, com certeza o dia vai chegar. Quanto mais a noite avançar, o dia se aproximará. Malgrado o mal seja um cão louco e cego, escondido em cada esquina, o Senhor é Aquele que está contigo em qualquer situação, que te livra do laço do caçador e põe limite a toda e qualquer tribulação. Pois tudo tem a dimensão e a duração que a Providência marcar. Para além de tuas possibilidades, jamais haverás de ser tentado. O que se pede de ti é constância na fidelidade, para que possas merecer a graça, que, por sua vez, gratuitamente te é dada. Lembra: “Ao que é fiel nas pequenas coisas, mais ainda lhe será dado; ao que é infiel, até o pouco que tem lhe será tirado” (Lc 8,18). O que não podes é, na provação, querer vacilar, porque isso corresponderia a ceder à tentação, por torná-la acesa por resquícios que, em ti, certamente, há. O que se aprova, na provação, é a tua capacidade de acreditar e superar, sabendo que a obra em ti iniciada a bom termo, com certeza, chegará.

Nada vem para, eternamente, ficar. Guarda isto: o que atribula a ação é, exatamente, a não persistência na confiança. Havendo desconfiança, não haverá avanço. Na ansiedade, a tua alma não chegará à saciedade, por bloqueios à obra em ti iniciada.

O que atribula a ação é a falta de confiança, falta que gera ânsia e de que é preciso afastar-se. O que limita a ação que à libertação conduz vem de esquivar-te do que abre espaço a novas condições em que só a Verdade reluz. O que limita é fruto da inconstância, que torna malsucedida a execução das melhores intenções por mais bem planejadas que tenham sido.

Então, responde, em termos de (a)provação: o que te lança como um barco à deriva e em novas situações se reedita? O que parece para ti, por vezes, não ter solução? Responde, pois: onde se fundamentam as tuas maiores certezas? Onde, por vezes, tu te sentes como uma nau na correnteza? O que te parece, na verdade, valer a pena tentar? Onde tu percebes, mais uma vez, ter que recomeçar? Onde a tua esperança pode ser mais fortalecida? Onde a tua caridade mais profundamente precisa ser exercida? O que não fazer ou o que fazer para que não se abram tuas antigas feridas? Onde se localiza a razão de tua maior alegria e onde sentes precisar de uma carta de alforria? Do que não podes desistir? Até onde tu podes ir? Qual o objetivo maior que te faz viver (que é bem mais do que simplesmente existir)? Responde, pois, ao teu coração e trabalha, positivamente, resgatando para ti coração e mente, a fim de que, ao longo da tua jornada, não te percas e chegues ao ponto de chegada.

Aprovação existe para os que não fazem concessão e não desistem dos objetivos presentes no momento da largada.

(Pe. Airton Freire)

1 de setembro de 2015
servos da terra

11“Todas as vossas coisas sejam feitas com amor.” (1Cor 16, 14)

Há coisas que há muito tempo foram procuradas e, apesar da insistência, jamais foram encontradas. Há coisas pelas quais muito lutamos, demasiadamente até nos esforçamos, visando encontrá-las e, uma vez conseguidas, não soubemos como bem administrá-las, o que é de se lamentar. Há coisas pelas quais nem esperamos, nem estava, tampouco, em nossos planos, que elas viessem nos visitar. Todavia, sem saber como nem por que, um dia, conosco, cada uma delas veio nos procurar. Pergunto: o que fazer? Como proceder?

Há coisas que, no tempo de agora, não podemos compreender. Há coisas que, só tardiamente, haveremos de saber a razão de terem ocorrido. Enquanto isso não vem a acontecer, uma resposta adequada há de se dar, pois, afinal de contas, com qualidade de vida é preciso viver. Há que se estar preparado para certas eventualidades, venham elas ao encontro ou de encontro à nossa própria vontade.

Há coisas que estão acontecendo, e não sabes como fazer para que elas possam se desenvolver a fim de que a bom termo possam chegar. Há outras coisas que até fogem ao teu controle. Contra elas, trabalhas longamente e não logras sucesso, não vindo ao caso saber se isso mereces ou desmereces.

Pessoas há que nunca se negaram a fazer o bem acontecer, e há outras que, mesmo tendo condições, fizeram questão de negar, firmaram posição contrária, a fim tão somente de contrariar, como se residisse nisso um desejo firmado de não querer colaborar. Razões nem sempre razoáveis para isto há dentro ou fora de si. Pois, considerando-se o que se traz consigo – presta bem atenção ao que te digo -, razões maiores existem para que tudo já tivesse sido resolvido. Todavia, insiste-se, persiste-se em não querer largar posições contrárias. A dificuldade para isto, em sua raiz, onde está? O que se há de fazer para que, depois de um tempo, haja condições de se resolver? Com certeza, o passo primeiro é querer.

Experimentando o limite da humana condição, nós temos a exata compreensão de que, sozinhos, a bom termo não poderemos chegar. Existe, tanto a nível pessoal como inter-relacional, um quê de impossibilidade de certas questões, por si mesmas, poderem-se ultrapassar, como se houvesse um fechamento, uma posição contrária que não permitisse viver o novo, o diferente. Mesmo querendo, há uma soma, um dividendo que bloqueia o que se tenha planejado levar a termo consequentemente.

Existem algumas coisas que é preciso recusar, e há outras que, mesmo sendo difíceis, é necessário aceitar. Coisas de difícil acomodação, mesmo no coração, existem, além de outras que, somente com o passar do tempo, ganharão sentido e poderão calar fundo em nosso ser, matriz do ser na junção de mente e coração.

É preciso estar preparado para eventualidades e estar também de sobreaviso para o que chega sem dar aviso de chegada.

Há coisas de difícil aceitação, e há coisas que, a depender da forma como forem encaradas, poderão ganhar sentido para esta e posteriores ocasiões. Viver significa administrar bem as ocasiões quando se nos vierem a apresentar, e a vida ganha sentido à medida que o sentido da vida podemos enxergar. A vida, por si mesma, é dom de graça que podemos estragar ou, por seu meio, superar limites.

Há pessoas que fazem de momentos de sua vida algo a se descuidar, e há outras que aproveitam cada oportunidade para que um passo maior, na vida, possam dar. Tenho dito o que aqui vou repetir: “O que dá pra rir dá pra chorar”; e coisas que, há um tempo atrás, tornavam-nos tristes, hoje, para nós, são plenas de sentido pelo ensinamento que trouxeram consigo. Existe ao menos um, dentre muitos motivos, para que novos passos possam ser dados em avanço. A partir de acontecimentos que trazem consigo o caráter de influenciar no que é permanente, podemos romper com o que nos imobiliza e seguir em frente. Viver é ter que optar. Mesmo enfrentando riscos, viver faz sentido, se ao verbo amar puder se conjugar. Lembra-te do que já foi dito tanto: “O que faz o encanto de todo encontro não é tanto o quanto ali se possa fazer ou o que dali possa ainda se dar ou se dizer. O quanto de amor ali ainda houver é que dará sentido a tudo o que se disser e fizer. E isto, somente isto, não passará”.

Pe. Airton Freire

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