“Quando o olhar não se adequa à visão ou quando a visão ultrapassa a capacidade de olhar, ocorre um desequilíbrio no ato de querer enxergar. Se o teu olhar não consegue enxergar, malgrado o que se possa capturar, algo é preciso fazer. Estás diante de dois determinantes acerca dos quais hás que te posicionar, pois pode acontecer que a tua forma de ser e consequente proceder resultem de algo que já tenha feito morada em ti, não obstante o teu não querer. Isso pode se romper, independentemente de tua vontade. Podes enxergar algo que não corresponda, plenamente, à realidade. Podes não enxergar o que é próprio do teu viver. Pois, a partir de um olhar, que não seja o teu, mas de um outro, tu poderás ver. A partir de um querer, que seja um querer do outro, tu haverás de balizar a tua forma de ser. Então, a visão que daí resultará te possibilitará enxergar-te nos pontos que te farão de limites e potencialidades tuas consciente. O outro pode tanto te esconder quanto revelar a verdade que está a tua frente. Precisas discernir, primeiramente, a razão do teu olhar e a qualidade da tua visão, pois nem toda evidência, aquilo que captura o teu olhar, pode dizer da verdade única da realidade. Por quê será? Convém falar: a forma que tu tens para enxergar é condicionada por um paradigma, este convencional e humano, que te permite de determinada maneira enxergar. Mudando-se o paradigma, mudará também, consequentemente, a tua forma de enxergar. A nada convém, portanto, absolutizar. Absoluto existe um, o Senhor, que, por sua natureza própria, é somente amor e, enquanto amor, de constante, ele se dá. O que fugir a essa regra precisa ser questionado, a fim de que nenhuma visão, nenhum olhar, seja absolutizado, a partir de determinada situação que estejas a vivenciar.” (Pe. Airton)
“Nem sempre nós realizamos o que planejamos; somos um projeto de vida em construção permanente. Por primeiro, é preciso cuidar dos alicerces; depois, das partes que constituem o todo. Isto convém lembrar – tu bem o sabes – nem nenhuma construção se começa pelo telhado. Nem tudo de nós depende, porque bem maior do que a forma como nós a entendemos é a realidade na qual vivemos. Se esta fosse tão somente o que nós dela compreendemos, ela seria uma projeção nossa, sem consistência própria, uma extensão de nós, o que não é, felizmente. De uma realidade, em constante mutação, fazemos parte. Isso, em intensidade tão frequente, que nem nos apercebemos e, só algumas vezes, damo-nos conta de que tudo tenha se passado tão de repente.” (Pe. Airton)