“Revelar o Senhor é a marca principal da tua vocação, é o teu primeiro serviço, como assim o fez Jesus, o Filho muito amado, por vontade daquele que o gerou e o enviou. E isso tu encontrarás estabelecendo com ele intimidade conseguida, cultivada e vivida antes na oração. Seja no silêncio do teu quarto, no anonimato de tua cela, num recanto de tua capela, caminhando, ajoelhado, prostrado, põe-te em comunhão em espírito e em verdade (cf. Jo 4,24). Assim, todo o teu ser será por ele tomado, a tua vida, por inteiro, será ali agraciada. O Senhor fará aceitação desse teu momento como sacrifício de agradável odor (cf. Rm 12,1-2). Busca o Senhor na oração. Para se conseguir a vida da graça e mantê-la, essa é a condição. Para que não tropeces, é essa a razão. Para que não venhas a sofrer as dores da ilusão, a frieza da razão ou a tirania da paixão, a via é a oração. Teus atos serão contemplativos na ação se passarem, primeiramente, pelo tempo de tua atenção única ao Senhor. Somente na oração, tal atenção conseguirás. Muitas são as formas de orar. Eu te apresento uma: ora a tua vida, os acontecimentos, o que se passa em teu coração, teus pensamentos. Mas, sobretudo, sê orante a todo momento. Pratica a intercessão, oferece-te pela humanidade e disso não percas ocasião. Assim, realizarás o que São Paulo exortou- nos a realizar: orai sem cessar (cf. I Ts 5,17).” (Pe. Airton)
“É preciso viver a transitoriedade das coisas, sabendo que, nelas, pode-se decidir o que é definitivo. Em meio à transitoriedade em que nós vivemos, existe algo que vai se formando, que vai se constituindo e que se mostrará, afinal, como linha mestra, como linha central, a face do que vivemos. Os instantes, as ocasiões, os momentos vividos formarão, no conjunto, o plano de tua vida, o objetivo que tu tens perseguido. Tu não podes viver, nos tempos de agora, administrando o sem sentido, como se administrasses o caos. Tu deves saber que, mesmo nas cicatrizes, a partir do teu posicionamento, no teu olhar, haverá, nisso, um sentido. Sentido em tudo que existe, ao menos como lição, há. Mesmo da dor, fica a lição. Há sofrimento que nos aproxima, que nos faz mais irmãos. O certo é que o tempo da provação, esse tempo passará, pois não fomos criados para sermos provados, testados, como se além disso esperança jamais houvesse, como se sempre para a dor tivéssemos sido criados, dor que continua, dor que não cessa. Se for preciso, eu prefiro a dor a viver a ilusão. Se for preciso, eu prefiro viver a realidade, onde eu cresço, a viver um faz de conta.” (Pe. Airton)
“Para ser verdadeiro, carece ser espontâneo amar. Para formar comunhão, há de ser recíproco. Constante, para ser duradouro. Gratuito, para ser livre. No amor, nada se tem a cobrar. Amar é ser fiel a si mesmo e à própria natureza de amar. Quem ama cria laços, e estes são mais fortes que qualquer ato que, por lei escrita, poder-se-ia realizar. Amar é ser terno e exigente; fiel e, portanto, consequente. Quem ama põe-se a nu frente a toda sua verdade. O amor reintegra aquele que o concebe em si e, a partir daí, torna-se impossível guardá-lo só para si.” (Pe. Airton)