“Guarda com clareza: incerto é margem que assiste a toda certeza. O certo é que o transitório é o que tens de mais permanente. Certo é precisar fazer paradas quando se quer seguir em frente. O certo é que, apesar da certeza, a dúvida pode pairar, e o que hoje é amanhã talvez não seja, não se sabe ainda se será. Certo é que estações de mesmo nome virão – outonos, invernos, primaveras, verões -, mas nunca em teor e sentido se repetirão. É preciso, na vida, por vezes, ter que parar a fim de saber ao certo por onde ir. Tão importante quanto ir é saber como vir. Se, na tua caminhada, não tiver havido parada, com certeza poderás tropeçar e até cair. Hás que perceber que todo aquele que se põe a caminhar tem necessidade também de parar. Os elementos da partida devem corresponder àqueles que conservarás na chegada, para que tua alma não se sinta embrutecida, demasiadamente ferida, mortalmente desalentada. É preciso que a tua esperança seja, nas razões primeiras, ao longo dos teus dias, alimentada. Para continuar, volto a dizer, é preciso parar, de modo a não esmorecer. Não faças concessão ao que, sem perdão, retardaria-te a caminhada. Malgrado inquietações próprias dos périplos havidos, a pena terá valido quando coração e mente vivido tiverem em equilíbrio. É tua a decisão de continuar ou parar. Saiba-se, antes, que os que param para continuar têm mais chances do que os que continuam sem parar. Em qualquer momento da jornada, desertos serão atravessados, mesmo perto de montanhas ou lagos estando.” (Pe. Airton Freire)
“Viver faz sentido quando, das palavras, os atos não fazem desmentidos. Que não venhas tu a te perder por sempre querer ganhar, pois, em perdas múltiplas, muitas coisas poderias aprender, coisas estas que não aprenderias se sempre, na vida, ganhasses. Ganhos e perdas, em tua vida, haverás sempre de ter. A questão está no sentido que isto trará consigo por uma forma específica de viver. Um dia, hás de reconhecer, nas lições do que tens vivido, parcela do que assimilado ainda não tenha sido. Por esta brecha, alarga-se, mais tarde, a possibilidade de se agir pela via do indevido. Com outra situação, ainda, é preciso ter cuidado: a de permanecer, insistentemente, querendo encontrar em tudo imediato resultado. Um dia, haverás de perceber que é possível errar, querendo acertar. Um dia, contrariando tua própria vontade, tu te perceberás, não raramente, revivendo fatos do passado que muito te magoa. Marcas existem e persistem em relação a tudo o que, até pouco tempo antes, tolhia-te a espontaneidade de viver, revelando-te preso a certa realidade.” (Pe. Airton Freire)
“O que consegues enxergar depende do olhar com que tu estejas vendo. Tu sabes que para ser aprovado é preciso ser provado; tu sabes que, em ti mesmo, de alguns elementos, precisas fazer superação. Não precisas, para isso, de uma super ação. Está ao teu alcance realizar este intento. Mantém teu equilíbrio. Tu és a melhor parte de tudo o que te esteja acontecendo. Os elementos que se passam ao teu derredor não fariam sentido sem ti, pelo menos enquanto tais elementos a ti são concernentes. Lembra: não vieste a este mundo administrar coisas, mas para, por meio das coisas, realizar um projeto de forma consequente. Procura viver com equilíbrio. Não te digo viver com perfeição, pois a via perfeita existe no ideal de quem busca, mas administrando o que existe e o que ainda está em vias de vir a ser. Dizemos, então, que vivemos entre o já e o ainda não. Isso traz consigo uma cota de tensão. O ideal existe enquanto meta a ser alcançada, mas o real com que vivemos, com este real, afinal de contas, é que teremos de contar. Todavia, se disso não fazes conta e aumentas mais as tuas contas, essas de que nem queres mais falar, afinal de contas, com o que há de se contar? Considera isto que te digo: o que conta, senão a tua vida, tua realização, na superação de teus limites? Pois plenitude somente em Deus, um dia, na Consumação. Não é uma proposta inválida, inútil, a que estou te fazendo: administra-te e administrarás os acontecimentos, no teu cotidiano, à proporção que eles forem acontecendo. Contudo, lembra-te do que te disse anteriormente: traça um sentido para viver. Depois, vive com simplicidade. Não busques, em nada, ser dono da verdade, pois a Verdade é uma só pessoa: Cristo Jesus, felizmente.” (Pe. Airton Freire)