“O certo é que carente, faltante, sempre haverás de ser, e essa brecha, essa falta constante e estrutural que te acompanha em busca de preenchimento haverá de com vida te manter. Administra tuas demandas, aquelas que partem de ti ou que chegam de fora. Já conheces o sentido da história suficientemente para saber do que foste e do que ainda és capaz. Não venhas tu a te perder por coisas que poderias evitar. Não venhas tu a retardar o que, a depender de uma decisão tua, muito bem ainda poderia fazer. Prós e contras existem sempre, qualquer que seja a decisão que venhas a tomar. Todavia, a conviver com o que se antepõe a teus valores, hás de aprender.” (Pe. Airton Freire)
“Existe uma relação profunda entre o ver e o julgar. O teu julgamento se faz diante do que tu manténs um posicionamento. Se estiveres com as razões do coração mais diretamente envolvido, parcial ou total será o “pré-juízo”, tão difícil assim será emitir um juízo de real valor. Há ainda que se considerar: estreita é a relação entre aquilo que tu consegues falar e aquilo que tu consegues enxergar. Fala-se, às vezes, do que não se enxerga e enxerga-se o que não seria objeto de se falar. Existem coisas que tu enxergas e que a palavra não te socorre para que possas expressar. Pois limitado é todo dizer quando pretende dizer do todo. Limitado em algum ponto haverás sempre de ser, quer no ver, julgar, agir ou falar. Se nisto pensasses, primeiramente, evitarias grandes sofrimentos. Se agisses com cautela acerca de determinados acontecimentos ou mesmo posicionamentos, com certeza compreenderias que os que agem pela verdade mais sincera não se tornam reféns da própria fantasia, nem dos não ditos que se tornam malditos, nem de tudo o quanto tiverem deixado por fazer um dia. Por razões quaisquer, não sejas tu prejudicado nem consintas, tampouco, em prejudicar.” (Pe. Airton Freire)
“Considera, pois, a necessidade de escutar. Escuta, primeiramente, os ruídos que perturbam a tua alma. Lembra-te, ainda, de que o que vês depende de teu olhar. Aquilo que não vês depende, também, em grande parte, das coisas que não queres enxergar. A qualidade do teu olho diz da qualidade do que tu haverás de enxergar. A maneira como tu percebes diz também do ângulo que se forma entre ti e o objeto que tu estejas a observar. Tu queres enxergar longe quando, primeiramente, deverias enxergar o que há por perto. Tu não podes querer aprofundar uma realidade sem antes, em direção a ela, dares os primeiros passos. Se teu olhar não for purificado, tu não haverás de perceber o que de mais trivial existe ao teu lado. Purificado, teu olhar conseguirá perceber, em largo e em profundo, o que está subjacente a toda fala, a toda ação.” (Pe. Airton Freire)