“Há coisas que há muito deveríamos ter conhecido; há outras que melhor teria sido nunca ter tido. Há coisas pelas quais buscamos, procuramos, por elas tudo apostamos, e, mais do que delas esperávamos, elas nos oferecem quando ali estamos. Há coisas para as quais todo o preparo que já tivemos suficiente não é, tampouco será, para a dimensão que elas ocuparão em nossa vida, quando com elas viermos a nos deparar. E novamente a mesma questão volta a se colocar: se tu não souberes contigo mesmo lidar, saberás tampouco alguma outra situação administrar. Os teus pontos fracos ou fortes, tendo-os bem conhecidos, poderão te ajudar ou te atrapalhar quando tiveres que decidir, arguir, quando uma solução urgente, para determinado problema, tiveres de apresentar. Há coisas em relação às quais tu precisas te distanciar para melhor enxergar, e há coisas que, somente estando perto, poderás, afinal de contas, ver descoberto o que antes não poderias nem imaginar. Em qualquer situação, que sejas tu o senhor e não um cativo deste sentimento ou daquela emoção. Age com equilíbrio, com equidade, e, contigo, sempre por perto, estará a sabedoria, a que jamais te deixará à revelia. Há coisas que somente de perto é possível melhor enxergar, e há coisas das quais é preciso manter certa distância para melhor poder tanto avaliar-se quanto avaliá-las.” (Pe. Airton)
“Tu sabes, por tua própria experiência de vida, que nem tudo o que junta soma. Há coisas que permanecem, uma em relação à outra, em justaposição, como água e óleo, pois a natureza de cada uma delas é distinta, e elas não se conciliam. Por isso, a primeira coisa a se tratar, para aqueles que querem bem conviver, que são aqueles que se destinam a viver guiados pelo que significa a palavra amar, é tentar discernir para, depois, ter que optar; porque há coisas que andam juntas, mas não se misturam; há coisas que, mesmo próximas, estão separadas; e há coisas que, mesmo perto, não estão aliadas. É preciso ter que discernir para poder prosseguir, para depois não se vir a se arrepender. É preciso saber o que tem a ver com o que, para não se perder tempo, para não se vir a sofrer. Por isso, se algo em ti provoca um certo mal-estar, inquietação, há que se verificar a razão, há que se verificar a quantas anda a relação entre mente e coração, para que não sofras nem a frieza da razão nem a tirania da paixão. É preciso discernir e, por vezes, para discernir, é preciso ter que parar, a fim de recomeçar e retomar os pontos que, da forma como vêm sendo, não poderão mais continuar. Há certas coisas que é preciso saber de antemão, sem o que seremos semelhantes a um carro que caminha à contramão. Que não venhas tu a cair com teus próprios pés, nem venhas tu a sofrer o que, por tuas próprias decisões, haveria de te causar revés. Há coisas para as quais tu já vives o adiantado da hora, e há certas coisas em relação às quais tu precisas se decidir sem demora. ” (Pe. Airton)
“Quando tua vida se tornar plena de sentido, tu povoarás teus dias de alegria e de não menos provações também. Quando tu povoares tua vida de sentido, tu entenderás o sentido de viver e de amar, de sofrer e de chorar, da separação e da presença, da quietude e da inquietação. Tu entenderás. Porque nada ficará fora do sentido de que a tua vida será povoada. Saibas tu que, numa vida plena, todos os seus momentos estão integrados, mesmo aqueles dos quais se tira uma lição. Integra, pois, num único rumo, numa única direção, sem dispersão, o que viveres, intensamente, aqui. Busca, na verdade de tua alma, que, na integridade de tua identidade, não haja divisão entre o que sentes e o que fazes, entre o que expressas e o que acreditas. Pois seria grande dor para ti acreditar em algo que não pudesses expressar ou que expressasses aquilo em que não pudesses acreditar. Tu viverias os anos de tua vida representando. Para quem? Para ti mesmo? Para outros? Se para outros representares, que recompensa terias nisso? Digamos que o seu reconhecimento. Mas de que te vale o reconhecimento de outros, se, aos poucos, tu morres a cada dia? Melhor será que a cada dia tu vivas, mesmo que tenhas de pagar um preço por isso. Maior ou menor preço terás de pagar ao longo de tua vida; importa que o saldo final seja positivo. Que tu possas dizer, como disse São Paulo: “Combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a fé” (II Tm 4,7).” (Pe. Airton)