“Aquele que pede se coloca, ao pedir, na condição de quem é carente. Aquele que recebe a demanda precisa disso estar bem ciente, a fim de que, vindo a ofertar, faça-o como quem recebe, e seu gesto possa aproximar, expressando o amor solidário, ao invés de afastar. Há pessoas que dão para manter afastado. Há quem dê para disso não mais ouvir falar, e há os que fazem da própria doação o sentido que encontram em partilhar. Deus sabe de tuas necessidades bem antes que tu venhas lhe pedir, mas, se pedes a Deus, é para que se estabeleça entre Ele e ti um vínculo de confiança, necessário para que Ele possa agir. O ato de dar e de receber precisa encurtar distâncias, ao invés de criar dependência, medo, ânsia ou alguma inconveniência. Partilha é oásis cujo efeito é refazer. Ao alcance de todo ser que vive, está fazer esse ato acontecer. Negar-se-lhe, então, por quê? Faze, portanto, com que doar resulte em aproximar, ao invés de afastar, camuflar ou manipular. Tu mesmo de muitas coisas és carente e a Deus tens te dirigido de frequente. Confia para que o Senhor possa, em Sua misericórdia, atender-te. De tudo, Ele sabe, antes que venhas a lhe dizer. Precisa Ele, contudo, de assentimento, expresso em atos de confiança, a fim de agir pelo Seu onipotente poder.” (Pe. Airton Freire)
“Toda dúvida é pesada. Da ganância e da desconfiança, o mal é alimentado. É preciso aproveitar o tempo que nos é dado, pois não sabemos quanto tempo temos para que o fruto do que fazemos seja maturado. O que pode ir em frente não convém deixar de lado. Quem se esvazia do que pesa, atravessa desertos com menos dor e mais cuidado. Tudo o que do amor tem a marca é seguro legado. Desertos nem sempre são distantes; podem estar ao lado. Se difícil for em desertos ainda por um tempo permanecer, doloroso, igualmente, é com certos limites conviver. Desertos, assim, por quê? Cada fase da vida, assim como cada estação do ano, tem sua dor, que é seu deserto e seu encanto. Desertos, decerto, sempre haverá.” (Pe. Airton Freire)
“Ao longo de uma caminhada, pode-se perceber, nas paradas, que ditos efetivados, podem, em atos, ser desditos, quando verificados. Existem razões, a cada parada, para se rever aquilo que fora, um dia, motivo de se crer. Por razões outras, posteriormente apresentadas, pode-se reposicionar frente ao que não se tenha conseguido, tempos antes, compreender. O limite da condição humana é frágil tanto (assim o somos!), que algumas vezes, ou de vez em quando, do óbvio costuma se esquecer. Não é preciso até que, em alguns momentos, certos acontecimentos sirvam para nos acordar ou lembrar? Para melhor enxergar, há quem prefira se aproximar; outros preferem certa distância conservar. Os que migram levam algo sempre consigo. O tempo de ir será, depois, o tempo de ficar. Senhor da razão, sendo o tempo, poderá miragens dissipar. Quem das esperas faz-se de cuidados acompanhado, poderá, no tempo devido, reverter em júbilo traços não pacificados.” (Pe. Airton Freire)