1 de abril de 2012
servos da terra

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Meditações (Três Vias)

Pe. Airton Freire

(Livro “Escritos da Terra”, Vade Mecum)

Um dia, passado o tempo de intensas consolações, a alma se vê como que alheia a qualquer vontade. Sente-se de si mesma e por Deus abandonada. Os céus, como se de chumbo tivessem se tornado, parecem transmitir um alheamento a qualquer súplica ou vontade. Entra-se, assim, na noite escura, feita para a purificação dos sentidos.

Entregue aos limites de sua própria condição e por ter já experimentado a alegria de sentir-se pelo próprio Deus amada, a alma humana sofre e conhece, em graus diferenciados, a fraqueza e o limiar do desânimo em proporções nunca antes experimentada.

“Se for possível, afasta de mim este cálice” (Mt 26,39).

“Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste?” (Mc 15,34).

“Tenho sede” (Jo 19,28).

“A minha alma está cheia de tristeza até a morte; fiquem aqui e vigiem comigo” (Mt 26,38).

Mais do que ditos, tais expressões dizem do que se experimenta como interdito de sua própria vontade. Pobreza extremada torna-se o que antes era alegria de plena consolação em graça. Pobreza que purifica o ser de quem se sente não mais escutado é o de esvaziar-se de sua própria vontade.
“Mas que se faça a tua e não a minha vontade” (Mt 26,39).
A noite escura, a purificação dos sentidos, faz a alma entender que “sem mim, não podeis nada” (Jo 15,5).

A ofensa feita a Deus, pela condição inerente de nossa humanidade, busca-se evitar neste tempo. Isto constitui o primeiro grau de humildade. Evita-se o pecado por ser pecado.

A alma humana, alinhando o seu desejo ao querer do Senhor, torna-se mais afeita aos sinais dos tempos e segue a trilha estreita de “fazer tão só o que for de sua divina vontade”, para não ofender àquele a quem mais ama. Adquire-se, por vontade do Senhor, o segundo grau de humildade.

Quando sente a viva vontade de nada querer senão que se cumpra tudo em si, porque o que deseja corresponde, exatamente, ao que Deus quer, sem resistência nenhuma, conhece a alma humana o terceiro grau de humildade.

Em síntese, temos:

A via purgativa, na qual acontece a inscrição na alma do primeiro grau de humildade: evita-se cometer os pecados, mormente os mais graves. Tempo de grandes inquietações.

A via iluminativa, que corresponde ao segundo grau de humildade: evita-se cometer o pecado, por ser ofensa a Deus, mesmo os de menor gravidade.

Finalmente, a via unitiva, que corresponde ao terceiro grau de humildade: o teu querer corresponde ao desejo de Deus. Ama-se a Deus por ser ele Pai de toda a misericórdia.

Feita a travessia, que é noite e medos da alma, participa-se, então, de uma condição antes não experimentada.

Outra vez, mais intensamente que dantes pelo mesmo já passado, a alma humana é posta no convívio de visível consolação e iluminação junto àquele de quem ela nunca esteve afastada.

Todavia, por mercê de Deus, segundo a sua divina vontade, as três vias, independentemente dos graus de humildade vividos, podem acompanhar alguém ao longo de toda a sua vida.

Afinal, Deus é Deus.


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