27 de março de 2012
servos da terra

26 de março de 2012
servos da terra

IMG_7915Simplesmente

Pe. Airton Freire

(Texto do Livro “A Vida Simples”)

Simplesmente beber, gole a gole, um poço dágua. Simplesmente olhar a chuva correr pelo chão, pela calçada. Simplesmente viver os dias, sem trocá-los pelas madrugadas.

Simplesmente olhar um rosto e pronunciar seu nome. Caminhar ao lado do outro, simplesmente, silenciosamente.

Alimentar o corpo, a alma e a mente com o que eles necessitam, por alimento, diariamente. Dá a todos eles labor e repouso no tempo devido. Não avançar, nem deixar etapas não concluídas atrás, de sorte que, no final, possam se preservar saúde e paz.

Agasalha teu corpo como as aves agasalham-se em seus ninhos. Tem por ele respeito e carinho. Mantém tua alma serena, mesmo na tormenta. Não deixes de dar-lhe o alimento de que necessita. Se preservada, ela te preservará nas desditas. Que vãs preocupações não ocupem teus pensamentos. Vive cada momento. És parte da criação. Não foste criado para gerar nem para viver tensões, mas para criar laços de fraternidade, fundados na justiça das relações humanas e na verdade, isso que traz paz ao coração.

Evita tanto o acúmulo quanto a dissipação. Não aceites nem causes a ninguém constrangimentos. Dissipa todo e qualquer ressentimento. Afasta-te da ilusão. Preserva corpo, alma e mente de qualquer ostentação. Não dês ao teu sim a aparência de não, mas vive, coerentemente, na alegria de tua opção.

Trata teu corpo, tua alma e tua mente de forma digna. Eles já têm seu próprio valor. Seu valor é sua riqueza. Se tratados, terão sua própria beleza; o que não lhes diz respeito, não lhes queiras sobrepor.

Vive a vida com alegria. Não sejas melancólico, como aqueles que se apegam ao fim de cada dia. Fortalece o teu élan. Sê como o sol que se levanta a cada manhã. Espanta de ti a preguiça, a cobiça ou qualquer outro mal, que fira a tua alma, entorpeça a tua mente, golpeie teu corpo afinal.

Não exijas de ti mais do que aquilo que possas dar. Se vieres a errar, a cometer equívocos, sejas tu o primeiro a te perdoar.

Vive com simplicidade, na gratuidade, com liberdade. Sê prevenido, não armado, para toda e qualquer eventualidade. Na falta, faze a confissão. Defende o perdão. Vive a autenticidade. Não desdenhes a criatividade. Cultiva  a hospitalidade. Nada em ti se assemelha a vulgaridade; antes, haja em ti e aja contigo, com intensa atividade, a singularidade.

Não defendas para ti o sofrimento. Mas, se ele te ocorrer, aceita-o, sobretudo se te vier em decorrência de tua vida conseqüente. Nada faças por fingimento. Disso não faças uso nem por um momento; pois, ele vicia a alma e não a preserva de constrangimentos.

Vive a vida simplesmente. A vida simples. Naturalmente.


26 de março de 2012
servos da terra

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Família: por Cristo, com Cristo e em Cristo

Pe. Airton Freire

Os elementos constitutivos da vida a dois podem, sob diferentes ângulos e matizes ser abordados. Para todos, entretanto, o matrimônio só tem sentido enquanto instrumento que permite instalar, do lado de cada uma das partes, a regra de se viver um para o outro, sem perda da individualidade, o projeto de vida pelo qual ambos decidiram, no uso de sua liberdade.

Uma nova posição marca a vida conjugal, tanto para o homem quanto para a mulher. Há que se observar a regra dita de “cumplicidade”, pela qual ambos se percebam de um mesmo projeto fazendo parte.

É preciso sublinhar que o essencial, na permanência da relação a dois, reside em situar os mecanismos que levam a defesas dos dois lados, ao não se permitir inteiramente amar e, em decorrência, a não perdoar e superar limites próprios à humana condição. Impasses desta natureza conduzem a construir o seu próprio mundo quer para “ir levando até onde puder dar” quer como forma de compensação ao que se sente por não querer mudar. Neste caso, relativizando-se os conflitos, tomam-se os ditos pelos não ditos, interdito, bem ou mal ditos, “enquanto der para levar”. Antes de querer mudar, há de se perceber em ponto se está.

A continuidade dos propósitos que fundamentam a vida conjugal não decorre de um discurso sobre o que devem fazer, nem das intermináveis discussões sobre o melhor método que torne possível sua manutenção. O que se transmite pela via do que se mantém a dois decorre do íntimo conhecimento de si, potencial e limites, admitidos e trabalhados. Nessa construção da vida a dois, o que se adquire por vivência depende da disposição, de constante renovada, de manter-se esse lugar, espaço do possível de uma convivência saudável, sempre dialogada.

Marido e mulher são assim colocados na posição de administrar possíveis impasses, tensões, que comportam toda humana relação. Administrar a vida pessoal sem contradição com a vida a dois, será uma de suas funções esperadas na vida conjugal.

Superações ocorrem para suscitar e manter, de um para o outro, esta abertura que é a condição do prosseguimento da relação saudável.

Ponto pacífico é que a vida a dois é uma formação permanente.

A ética, na vida de um casal, regula-se sobre a manutenção de um espaço de liberdade e verdade, onde cada parte possa ser claro no seu desejo que, em situações diversas, será manifesto, num ato de reciprocidade. Esta ética funda-se sobre um princípio de alteridade que repousa não apenas sobre o reconhecimento do outro como diferente, mas também e, de princípio, sobre o reconhecimento de um lugar específico onde se desdobra o que do amor decorre, malgrado mal uso faça-se, não raro, dessa palavra.

Finalizemos esta nossa exposição com o pensamento do Cardeal James Francis Stafford na Peregrinação Aniversária de Julho em Fátima: “A espiritualidade conjugal fundamenta-se no mistério do Verbo Encarnado, Jesus Cristo, o Esposo da Igreja. A substância da primeira leitura, tirada do Livro do Génesis, repete-se e aprofunda-se na leitura tirada da Epístola aos Efésios: “E os dois serão uma só carne’. Este é um profundo mistério, e o que eu digo é que se refere a Cristo e à Igreja”. Aqui, São Paulo esclarece o mistério da comunhão de Cristo com os ‘santos’ da Igreja por meio de um sinal nupcial: o ser ‘uma só carne’ do homem e da mulher. Ele mostra assim que a nupcialidade é uma característica essencial do amor. E insiste em que o mistério da Encarnação encerra uma lógica especial. Quer dizer que o Deus Invisível Se torna Visível através de uma genuína manifestação de Si Mesmo no mundo do homem e em sua história. O Primeiro Prefácio de Natal transmite lindamente a representação que Deus faz de Si Mesmo na Encarnação: “Por meio do mistério do Verbo Encarnado, a nova luz da Vossa claridade brilhou aos olhos da nossa mente, para que, conhecendo nós Deus de modo visível, possamos ser arrebatados por este meio para o amor de coisas invisíveis”.


Janeiro de 2010.

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