28 de março de 2012
servos da terra

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28 de março de 2012
servos da terra

27 de março de 2012
servos da terra

12 (2)

Pe. Airton Freire

A vida a dois se inicia numa busca de reconhecimento de um desejo, em forma de demanda, o que em sucesso nem sempre resulta, em razão das (in)determinações desse mesmo desejo, que regem as escolhas, condutas e modos de pensar de cada um dos parceiros. Tantas são as manifestações dessa busca (o reconhecimento se dá em razão da falta que busca o preenchimento), que os (des)encontros traduzem o que conseguem bem ou mal administrar. Nas encenações onde é representado, o sujeito não se reconhece. Isso, por si mesmo, já fala do que, depois, em vivendo sob o mesmo teto, carecerão os parceiros de suporte para dar, à vida a dois, continuidade.

Se é próprio do ser humano produzir enunciados que fomentam sentido, em resposta às questões essenciais de sua existência, não há uma resposta, nem uma representação, nas quais o sujeito possa se definir. É a pretensão de querer respostas sem falhas que causa o sintoma, o primeiro, esse do esvaziamento da relação, como de não raro tem acontecido ultimamente. Ao longo da vida a dois, há de ser isso percebido, não obstante um e o outro, por toda a vida, jurarem ser e se culparem por não terem sido.A verdade, sem rodeios e sem medo, há de ser vivida dentro dos limites que cada um dos parceiros traz consigo. A transparência de vida, ao permitir que o sujeito da relação se reconheça como submetido às encenações em questão, tem por efeito tornar possível a desarticulação dos elementos em jogo. Há desarticulação do que mantém o sujeito numa conformidade, aquela precisamente de uma sujeição. Para esse trabalho, não há um modelo que possa ser proposto de forma pronta, senão a dois ser construído.

O caráter conflituoso da vida a dois aparece de modo manifesto, já que a exigência radical de não colocar nenhum limite à confiança, condição imprescindível a todo e qualquer prosseguimento, encontra resistências que estão, sem cessar, em obra no indivíduo e seu ambiente. O que não for, no casal, suficientemente trabalhado tende a se repetir e, se não bem administradas, tais situações hão de gerar contínuas e renovadas tensões.

Na relação que se instaura, a partir de elementos não devidamente assimilados ou trabalhados, uma ou outra parte haverá de colocar em ato posições subjetivas antigas. O laço engendrado é tanto mais forte quanto a tensão exercida permaneça sem resposta e em suspensão ou de satisfação ou de toda espécie de finalização.O princípio ético que se impõe de chofre é que uma tal relação não seja, sob nenhum pretexto, utilizada para outros fins senão os de aprofundar a relação em vista do objetivo comum de vida que ambos se dispuseram a construir lado a lado. Aqui, inscreve-se a radicalidade do compromisso firmado, uma vez por todas, diante do Senhor. Utilizar-se do conhecimento dos limites do parceiro para, em seguida, disso tirar algum proveito, envolve o risco de não se saber, antecipadamente, em que pode resultar. Não cabe, como justificação da não observância desse dado de realidade, qualquer presumível explicação. Conta-se o procedimento e não sua interpretação. Isso é essencial na relação a dois. A tensão oriunda dos deslizes, nesse ponto, não é da ordem da explicação abstrata ou do reenvio aos termos de uma (in)conveniência para alguma das partes. Pois, tais exposições, que ficam, na maior parte das vezes, sem força face às conseqüências de uma tal situação, só fariam opor uma convicção a uma outra. A condição de continuidade do projeto comum de ambos implica que cada parte reconheça e aceite o lugar (igualdade na diferença) que ao outro designa, sem transgredi-lo. O que é freqüentemente chamado de “fim da relação” é o efeito da malversação sobre um dos parceiros.

Por sua própria natureza, matrimônio se coloca em posição de responder, por um ato de desejo e compromisso, a uma possibilidade real de se construir um projeto de vida a dois. Isso pode, ao longo do tempo, tornar emergente certas conexões e fixações inconscientes do desejo, estas já vividas na relação de seus próprios pais. As operações de enlace/desenlace que daí resultam tornam possíveis novos agenciamentos pulsionais, imaginários (ciúmes fundados ou infundados) e linguageiros (formas de tratamento incondizentes para qualquer uma das partes), por meio dos quais tanto o homem quanto a mulher descobrem-se com capacidade de pensar e viver de forma a construir a relação a dois e serem felizes.


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