Aos Grupos da Terra, em todos os lugares em que estiverem presentes, no Brasil e no exterior, com todo o meu zelo, atenção e preces.

Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei na hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra.” (Ap 3,10)

Guarda bem o que te digo: tu precisas buscar viver com equilíbrio, mesmo em tempo de provação, pois o que prova uma ação? Tu precisas viver com equilíbrio, malgrado o que te desagrade – em parte, ao menos – do que estejas vivendo. Em tudo, existe um sentido. O que consegues enxergar depende do olhar com que tu estejas vendo. Tu sabes que para ser aprovado é preciso ser provado; tu sabes que, em ti mesmo, de alguns elementos, precisas fazer superação. Não precisas, para isso, de uma super ação. Está ao teu alcance realizar este intento. Mantém teu equilíbrio. Tu és a melhor parte de tudo o que te esteja acontecendo. Os elementos que se passam ao teu derredor não fariam sentido sem ti, pelo menos enquanto tais elementos a ti são concernentes. Lembra: não vieste a este mundo administrar coisas, mas para, por meio das coisas, realizar um projeto de forma consequente. Procura viver com equilíbrio. Não te digo viver com perfeição, pois a via perfeita existe no ideal de quem busca, mas administrando o que existe e o que ainda está em vias de vir a ser. Dizemos, então, que vivemos entre o já e o ainda não. Isso traz consigo uma cota de tensão. O ideal existe enquanto meta a ser alcançada, mas o real com que vivemos, com este real, afinal de contas, é que teremos de contar. Todavia, se disso não fazes conta e aumentas mais as tuas contas, essas de que nem queres mais falar, afinal de contas, com o que há de se contar? Considera isto que te digo: o que conta, senão a tua vida, tua realização, na superação de teus limites? Pois plenitude somente em Deus, um dia, na Consumação. Não é uma proposta inválida, inútil, a que estou te fazendo: administra-te e administrarás os acontecimentos, no teu cotidiano, à proporção que eles forem acontecendo. Contudo, lembra-te do que te disse anteriormente: traça um sentido para viver. Depois, vive com simplicidade. Não busques, em nada, ser dono da verdade, pois a Verdade é uma só pessoa: Cristo Jesus, felizmente.

Pe. Airton Freire

Aos Grupos da Terra, em todos os lugares em que estiverem presentes, no Brasil e no exterior, com todo o meu zelo, atenção e preces.

 “Por que estás dormindo? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação.”

 (Lc 22,46)

O momento do despertar é aquele em que se toma ciência de determinada situação; é o momento em que se decide ir em frente, considerando-se o que se tenha vivido até então. O momento de despertar acontece quando se toma conhecimento, exatamente, do que lhe esteja acontecendo ou de tudo o que lhe tem acontecido até aquele momento. É o momento em que se cai em si e se percebe tanto a razão da largada como os motivos de se ter chegado até ali. Desperta-se para um sentido a partir de determinado momento. Aos que fazem uma caminhada, convém considerar se os objetivos da largada e os da chegada são coincidentes.

Há pessoas para quem o despertar acontece num momento em que elas nem mais conseguem acreditar. Tendo tais pessoas sido tocadas em alguma instância de sua alma (coisa que, há muito, almejavam, pois jamais poderia acontecer um encontro sem que tivesse havido, primeiramente, a busca e o desejo de que este viesse a acontecer), esta acorda para um novo tempo, intensamente esperado. Quantas oportunidades e chances foram dadas e nenhuma delas suficientemente aproveitada? Quantas estações tiveste tu que atravessar para que, em determinado momento, dissesses: “Aqui não dá”? Em quantas outras, contrariamente, disseste: “Eis o momento”? Em momentos de acordar, estabelecem-se acordos, desacordos, concorda-se, discorda-se… Em quantas cordas foi preciso que tocasses para que, ao menos em uma delas ou com uma delas, pudesses tu te afinar?

A cada pessoa é dada uma ou mais oportunidades para que possa recomeçar, considerar e reconsiderar elementos ao longo da caminhada. A cada pessoa é dada uma ou mais oportunidades para que possa acordar. Acordo há, a depender das instâncias da alma que verdadeiramente, buscam-se. O que acorda são determinados acontecimentos que tocam as mais íntimas cordas. Alma humana, então, desperta, põe-se a caminho, mesmo com todo o tempo considerado perdido.

Tempo de acordos, momento de se acordar sempre haverá.

Pe. Airton Freire

Aos Grupos da Terra, em todos os lugares em que estiverem presentes, no Brasil e no exterior, com todo o meu zelo, atenção e preces.

 “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada.” (Tg 1, 5)

Tu precisas ser preciso, bem preciso, enquanto possível, em toda e qualquer situação. Quando se ultrapassam os limites que formam os rios, começam as inundações. Nas invasões, começa o indevido. As (con)fusões nascem do impreciso, momento em que com o objeto estiveres fundido, misturado, razão que te fará partido e por ti mesmo não reconhecido, por teres deixado de ser preciso quando deverias ser bem claro.

A falta de precisão gera uma precisão (carência) na alma, que desalma, sendo antecâmara da solidão. Pois quem poderia acompanhar-te se tu mesmo estás desencontrado/desencontrada e não sabes ao certo se vais por ali, por lá, por cá? Antes que venhas tu a anunciar, é preciso, inteiramente, estar seguro do que queres. É preciso ser preciso em qualquer situação. Volto a repetir: o que ultrapassa limites resulta em inundação, em (con)fusão. É preciso haver maturidade da mente, equilíbrio no coração, sem coação. Toda ação, para ter o caráter de ser permanente, há de nascer livre. Há, ainda, que expressar o que de melhor, em ti, humanamente, há. Repito: não pode vir com uma coação, mas como uma ação que expresse a tua interioridade integrada. Pois, se deres a entender que em algum ponto estás dividido, enfraquecido, o indevido ocupará o seu lugar com imprevisíveis resultados. Busca, pois, enquanto possível, se possível for, ser preciso. Não duvides. Fora disso, há grandes riscos.

Pe. Airton Freire